Tudo pela segurança da criança


As chances de acidentes com queimaduras em crianças, principalmente em casa, aumentam no inverno . A ONG Criança Segura trabalha na prevenção e orientação de pais e educadores.

Geriane Oliveira - 3/8/2010 - 19h53

Com a chegada das baixas temperaturas, comuns nesta época do ano, torna-se inevitável o aumento do consumo de bebidas quentes, como café, chocolate e sopas, ou mesmo o costume de manter aquecedores ligados. Estes hábitos, no entanto, representam riscos de acidentes que podem provocar queimaduras em crianças. Dados do Ministério da Saúde, de 2007, registram 150 mil hospitalizações anuais de crianças vítimas de acidentes. Desse total, 5,3 mil morreram e 15 mil eram casos de queimaduras por diversas fontes de calor.

Os acidentes mais comuns são escaldadura (queimadura por líquido super aquecido), choque elétrico e decorrentes do uso indevido de álcool, sobretudo dentro de casa. O alerta é feito pela ONG Criança Segura, que se dedica à prevenção de acidentes com crianças e adolescentes de até 14 anos. A instituição pertence à rede internacional Safe Kids Worldwide e atua no Brasil desde 2001.

Segundo a coordenadora nacional da ONG, Alessandra Françóia, de 36 anos, o acidente doméstico é a principal causa de internação e morte entre crianças nessa faixa etária. "No inverno crescem os casos de queimaduras, principalmente em casa. Por esse motivo é importante intensificar o alerta", diz.

De acordo com ela, estudos norte americanos apontam que 90% dos acidentes podem ser evitados. "A conscientização de pais e educadores é o melhor caminho. Manter a criança longe do fogão e substituir o uso do álcool são algumas dicas simples de prevenção", afirma.

Apesar do grande número de acidentes com crianças e adolescentes, as mortes diminuíram 17% em sete anos (de 2000 a 2007). "A população está aderindo à cultura de prevenção, mas é necessário trabalhar de uma forma multifacetada, aliando conscientização a ações concretas, como a aplicação de leis e a avaliação de dados, ampliando o foco de atuação", afirma Alessandra.

Campanha – As medidas de prevenção de acidentes com crianças são reforçadas diariamente em campanha veiculada em TV e rádio. Esta é uma das três estratégias de atuação da ONG, que inclui ainda a mobilização – desenvolvimento de programas educativos, sistematização de informações e alertas públicos –, e o segmento de políticas públicas, caracterizado pela participação em debates por mudanças e adaptações de instrumentos legais que visem a segurança, saúde e bem-estar da criança.

Um exemplo disso é o empenho da ONG, ao lado de outras instituições, na aprovação da lei que exige o uso nos carros de cadeirinhas para crianças. A medida entrará em vigor em setembro. "A ideia é intervir junto às áreas de orçamento e execução dos projetos públicos e sociais em favor da causa", diz

Multiplicar - Outra forma de atuação da ONG está ligada à formação de mobilizadores, por meio do Programa Criança Segura online, um projeto de educação a distância (EAD) voltado à prevenção de acidentes nessa parcela da população. O curso, realizado desde 2009, é tutorial e oferece, gratuitamente, três módulos (de 20 horas cada) sobre o tema, incluindo leitura de textos, atividades e jogos.

Neste ano, o programa está sendo direcionado a educadores e gestores de instituições de ensino e capacitou cem pessoas entre março e junho. O professor de educação física de duas escolas de Osasco, na região metropolitana de São Paulo, Ricardo Venancio Pedroso, de 45 anos, cursou a segunda turma, concluída em junho. Educador de 200 alunos, Ricardo se tornou um multiplicador da causa. "É fundamental ampliar os cuidados de prevenção para evitar acidentes com a criançada. Para mim, a tutoria foi muito válida", afirma.

Além de divulgar as dicas no blog e no painel educativo da Escola Estadual Walter Negrelli, onde dá aula, o professor aproveita as atividades esportivas, sociais e culturais, nos finais de semana, para orientar a comunidade que vive no entorno. "A gente percebe que as crianças assimilam e cobram novas atitudes dos pais. Somente plantando sementes vamos conseguir transformar hábitos sociais". Trezentas pessoas já participaram do curso on line. "Pretendemos estender o programa para agentes sociais e das áreas da saúde, direito e do trânsito", diz Alessandra.

A ONG Criança Segura tem sede na capital, um escritório em São José dos Campos, no Vale do Paraíba, e e atua com nove profissionais das áreas de comunicação, administração e pedagogia. O programa tem custo anual de R$ 1 milhão e conta com os patrocínios da Johnson & Johnson, de produtos farmacêuticos e higiene, e mais quatro empresas.

Serviço: Informações sobre o trabalho da ONG e dicas de como evitar acidentes com crianças estão no site www.criancasegura.org.br.

fonte: http://www.dcomercio.com.br/materia.aspx?id=49397

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