BLOGAGEM COLETIVA


Esta entrevista foi gravada em Março de 2008.
Alguns dados já não refletem a atual realidade, a situação piorou!





A FAMÍLIA E A DEPENDÊNCIA QUÍMICA


Na nossa perspectiva, a família é vista como um sistema aberto e dinâmico composto de indivíduos com crenças, regras e expectativas individuais, interagindo entre si, que por um mecanismo adaptativo de auto-preservação, procura manter um estado de equilíbrio interno> Assim, comportamentos individuais são mutuamente reforçados com esse objetivo, mantendo esse sistema funcionando, mesmo que de forma disfuncional. O uso de drogas por um dos integrantes do sistema pode ser visto como um sintoma familiar, onde o papel do dependente é paradoxal porque o sintoma possui funções contraditórias, ao mesmo tempo serve para garantir o equilíbrio do sistema e para denunciar a necessidade de mudanças. Desta maneira, o abuso de drogas – e os comportamentos dele decorrentes – é entendido como um sintoma-comunicação que adquire sentido nas interações desenvolvidas pelos membros da família como um todo.
A dependência química não é contagiosa, mas é contagiante, no sentido de que, quando existe um membro da família usando drogas, este fato estabelece comportamentos familiares em função do usuário, deteriorando o bem-estar individual e coletivo. Como por exemplo podemos ver normalmente o dependente químico negando ou minimizando as conseqüências negativas do seu uso, de forma a manter protegida a sua drogadicção. Em paralelo, vemos esse comportamento também na família, não para proteger a droga mas para proteger-se da dor e do sentimento de impotência diante do comportamento problema de um ser querido.
O que percebo na clinica, freqüentemente, é o estabelecimento de uma dinâmica familiar adoecida. Isso, na teoria sistêmica nós chamamos de co-dependência. A co-dependência corresponde a um conjunto de comportamentos e emoções desencadeadas quando se convive com um usuário de drogas e tem como principal conseqüência negativa a manutenção do uso de drogas do adido em família e a perpetuação do sofrimento familiar. Se você se identificar de alguma maneira com o que foi dito anteriormente, dê-se alguns minutos para responder as questões abaixo:

1- você já ficou acordada à noite esperando que seu filho ligasse ou voltasse da rua, mesmo sabendo que ele/ela nunca liga e nunca chega antes que amanheça?
2- Você já foi atrás dele para buscá-lo, preocupada(o) com o que poderia acontecer com ele(a)?
3- Você acreditou nele/nela quando jurou que iria parar , mas logo você sentiu-se enganado e com raiva pois não parou?
4- Você abandonou sua rotina diária porque precisa preocupar-se com seu filho?
5- Você deixou de lado as coisas que lhe davam prazer para cuidar do seu filho?
6- Você acaba sempre dando dinheiro por medo do seu filho se meter em mais confusão ou para evitar retaliações por parte dele?

Se você respondeu “sim” a duas ou mais das questões acima, pode considerar a possibilidade de estar assumindo o papel de co-dependente na família. Nesse caso, talvez você precise de ajuda para lidar com o problema que está enfrentando e . conseqüentemente, ajudar o seu familiar a parar de usar drogas por meio de suas próprias mudanças

MARIA CAROLINE HOLUGUE LABRA
Psicoterapeuta cognitivo-comportamental
Especialista em dependência química

Fonte: www.comportamentoinfantil.com



Procure Ajuda, as coisas não precisam terminar assim!

Um comentário:

Beatriz disse...

Muito honrada com a participação de especialistas formados na experiência viva de famílias com algum membro acometido de dependência química.
E, portanto, sabedores que qqer família que enfrenta esse tipo de situação vive o problema da co-dependência.

Agradeço imensamente;))

Bea